Gérson acusa Ramírez, do Bahia, de racismo: ‘cala a boca, negro’
Fonte: Correio24horas
Em entrevista no gramado logo após o apito final de Flamengo 4×3 Bahia, o meia Gérson, do rubro-negro carioca, acusou o meia Índio Ramírez, do Esquadrão, de racismo. E também criticou a postura condescendente do técnico tricolor, Mano Menezes.
“Quando a gente tomou o segundo gol, o Bruno (Henrique) fingiu que ia chutar a bola e o Ramírez reclamou com ele. Eu fui falar com ele (Ramírez) e ele falou bem assim pra mim: ‘cala a boca, negro’. Eu nunca falei nada disso porque nunca sofri esse tipo de preconceito, mas isso aí eu não aceito”, disse o meia do Flamengo.
Na transmissão da partida, foi possível ver Gérson muito irritado, por volta dos 25 minutos do segundo tempo. Ele discutiu com Ramírez, foi segurado por alguns companheiros, depois partiu à lateral do campo, em direção ao banco do Bahia, onde também bateu boca com o técnico Mano Menezes.
No momento da transmissão, mesmo sem torcida e com os microfones ligados, não foi possível entender o motivo da irritação de Gérson. A gritaria era intensa, entre todos no gramado. Poucos minutos depois, o jogo seguiu normalmente.
Ainda na entrevista, Gérson disse que o técnico Mano Menezes não teve uma reação adequada à acusação de racismo por parte de um jogador seu: “Eu nunca falei nada de treinador na imprensa, mas Mano tem que saber respeitar. Tô vindo aqui para falar em nome de todos os negros do Brasil. Ele falou pra mim ‘agora você é vítima, né? Quando Daniel Alves te atropelou você não fez nada’. Claro, porque teve um respeito entre mim (Gérson) e ele (Daniel)”, disse o meia, referindo-se a um episódio passado com o meia do São Paulo.
Gérson completou: “Tenho vários jogos como profissional e nunca vim na imprensa falar nada disso. Porque eu nunca sofri esse preconceito, nunca fui vítima, nenhuma vez. Mesmo sendo eliminado de Libertadores, Copa do Brasil”.
A derrota do Bahia por 4×3 para o Flamengo foi quente. Antes desse episódio, a partida tinha ficado paralisada por quase cinco minutos, ainda no primeiro tempo, após expulsão de Gabriel, com nove minutos de jogo. Ele teria xingado o árbitro da partida.
Manifesto
O Flamengo, na figura do seu vice-presidente de futebol Marcos Braz, pediu apuração dos fatos: “Feliz pelo resultado esportivo, mas muito infeliz com o fato ocorrido e que nos foi relatado pelo Gérson. eu sofreu uma ação de racismo dentro de campo e relatou isso à imprensa”, disse em entrevista após a partida.
O clube também se manifestou nas redes sociais. O Vitória, rival do Bahia, também postou em apoio a Gérson, assim como outros clubes brasileiros:http://
O Clube de Regatas do Flamengo repudia veementemente o episódio lamentável ocorrido na partida deste domingo com o atleta Gerson, que foi vítima de injúria racial.
O racismo desumaniza, fere e mata. O racismo é inadmissível.
Exigimos profunda apuração do fato. #RacismoNão
— Flamengo (@Flamengo) December 20, 2020
Nos solidarizamos com o atleta Gerson, em mais um episódio de racismo no futebol.
Repudiamos qualquer ato discriminatório dentro ou fora das 4 linhas.@GersonSantos08 #TodasAsVozesContraORacismo
— EC Vitória (@ECVitoria) December 21, 2020
O Botafogo reforça toda luta por igualdade e apoia a apuração dos fatos envolvendo o atleta Gerson, na partida entre Flamengo e Bahia.
Racismo não. Racismo nunca. ✊🏿
— Botafogo F.R. (@Botafogo) December 20, 2020