Estado mais violento do país, Bahia sedia evento do BID sobre segurança

Estado com o maior número absoluto de assassinatos do país há pelo menos cinco anos consecutivos, a Bahia foi escolhida para sediar, junto com o Distrito Federal, o primeiro seminário sobre segurança pública realizado no Brasil pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dividido em duas etapas. A de Brasília ocorreu nos últimos dias 25 e 26, enquanto de Salvador começou nesta quinta-feira (28) e será concluída na sexta-feira (29), no Wish Hotel, com autoridades e especialistas de 15 nações da América Latina e Caribe. Estranhamente, o governo baiano teve participação tímida e praticamente ignorou o evento na cobertura da comunicação institucional.

Em meio à onda de violência provocada pelo avanço de facções do narcotráfico na capital e interior, a 13ª Semana de Segurança Cidadã e Justiça do BID trouxe uma oportunidade única de trocar experiências e conhecer iniciativas adotadas por países latinos e caribenhos no combate ao crime organizado, tema central dos painéis apresentados nesta quinta em Salvador. Entre os quais, Colômbia, México, Chile, Peru, Paraguai e Uruguai, além de representantes de outros estados brasileiros. Contudo, a presença do alto escalão do governo baiano se limitou à cerimônia de abertura do evento, na qual compareceram três secretários: Marcelo Werner, da Segurança Pública (SSP); José Maia, da Administração Penitenciária (Seap); e Felipe Freitas, da Justiça e Direitos Humanos (SJDH).

A cobertura feita pelo governo do estado e divulgada na internet se restringiu à assessoria da SJDH, que é parceira do BID na organização do seminário, em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Nos sites da SSP e da Seap, nenhum material sobre o evento havia sido publicado até o fechamento desta edição, assim como na página da Secretaria de Comunicação Social (Secom). O governador Jerônimo Rodrigues (PT), alvo de críticas pela explosão de mortes violentas este ano na Bahia, enviou o vice, Geraldo Júnior (MDB), para representá-lo na solenidade, enquanto participava do Fórum dos Consórcios Interfederativos de Saúde, realizado em Salvador pela manhã. À tarde, o petista concentrou a agenda em Feira de Santana.

A pouca visibilidade dada pelo governo Jerônimo ao seminário do BID ocorre justamente no momento em que a Bahia ocupa a vitrine do noticiário nacional sobre a violência, a reboque de uma série de casos de grande repercussão. Lista que inclui confrontos armados entre facções que disputam o controle do tráfico na capital e a morte do agente da PF Lucas Caribé no último dia 15, durante uma incursão em Valéria que deixou ainda o saldo de dois policiais civis feridos. A escolha do estado para sediar o evento foi relacionada por veículos da imprensa ao fato de que ele ocupa o posto de mais violento do país.

Procurado para avaliar a importância do seminário, por meio de sua assessoria de comunicação, o chefe da Seap não deu qualquer declaração sobre o evento. A reportagem também contactou a SSP para saber a posição de Marcelo Werner, mas não obteve retorno. Já o material da cobertura divulgado no fim da tarde pela SJDH no portal do órgão não continha nenhuma fala do secretário da pasta, Felipe Freitas, acerca da iniciativa do BID