‘Não podemos banalizar as mortes de pessoas de bem’, diz secretário de Segurança Pública
Fonte: Correio24horas

Em coletiva de imprensa realizada durante o workshop (Re)Alinhando Dados para a Promoção da Paz e de Políticas de Segurança e Prevenção à Violência na Bahia nesta quarta-feira (4), o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, afirmou que não há distinção na atuação da SSP contra o crime organizado com base nos bairros de onde vêm as ocorrências.
Segundo Werner, todo e qualquer local onde exista a atuação de facções ou violência será objeto de ações policiais. “É lógico que vão ser ações, como vocês estão vendo, bem planejadas, integradas, mas nós não podemos deixar que as facções subjuguem o estado. A gente não pode permitir e transformar em banal uma morte ou um sequestro de qualquer pessoa de bem só porque aquela pessoa mora em um bairro que é controlado por outra facção, ou por aquela pessoa não querer se submeter a qualquer tipo de determinação de facção, ter sua casa invadida, sua filha morta e ser morto, como aconteceu recentemente em Salvador”, disse.
O secretário faz referência ao caso da família que teve sua casa invadida no Inferninho, no bairro de Mata Escura, em Salvador, na madrugada do último domingo (1º). O ataque resultou na morte imediata de Sarah Sofia Santana de Jesus, de seis anos, após a menina ser baleada na cabeça, e de seu padrasto, Adauto Fernandes dos Santos, que foi baleado na barriga. Adauto ficou internado no Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
De acordo com Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, os dados mostram que a situação da segurança pública chega de maneira diferente nas populações mais pobres. “Eu digo que a segurança atinge desigualmente os desiguais. Ou seja, esses casos são, infelizmente, mais focados nas regiões mais pobres. Quando a gente pega essas informações, é fácil ver que as operações e ações policiais são concentradas em um grupo de bairros específico, que tem em sua maioria a população negra e empobrecida”, afirma.
O workshop teve início nesta quarta-feira (4), no Centro de Operações e Inteligência, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), e vai até a sexta-feira (6), com o intuito de ampliar o diálogo entre o poder público e institutos de pesquisas na área de segurança pública.
O encontro conta com a participação de representantes das Forças da Segurança Pública, das Secretarias de Justiça e Direitos Humanos, de Política para as Mulheres, de Assistência e Desenvolvimento Social, de Promoção da Igualdade Racial, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Estadual, Ministério da Justiça, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Instituto Fogo Cruzado, Iniciativa Negra, dentre outras instituições convidadas.